03/11/2010 - O Globo - Rio - RJ - Fls. 7
Artigo de Sávio Neves*
Legado do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, a estabilidade econômica trouxe visíveis ganhos sociais para o Brasil, com reflexos em diversas áreas, entre elas o turismo. Com as perspectivas de manutenção das políticas de incentivo ao setor em função da vitória de Dilma Rousseff nas eleições presidenciais, o trade turístico vive um momento único, que tende a se intensificar em razão das grandes competições esportivas que o país receberá nesta década.
Com esse cenário, segmentos outrora relegados a algumas regiões específicas do país podem se expandir em nível nacional.
É o caso dos trens turísticos e culturais, que a partir do projeto Trem é Turismo planeja se expandir em nível nacional, congregando roteiros estruturados em todas as regiões brasileiras.
Fruto de uma parceria entre a Associação Brasileira dos Operadores de Trens Turísticos e Culturais (ABOTTC) e o Sebrae, a iniciativa tem como objetivo disseminar processos de gestão e operação na cadeia produtiva do segmento e, com isso, inserir o modal ferroviário entre os atrativos dos principais destinos turísticos nacionais.
Para chegar a esse objetivo, o projeto dispõe de uma verba de R$ 2,2 milhões, dos quais R$ 1,4 milhão provenientes do Sebrae, com o restante sendo uma contrapartida da ABOTTC e de seus operadores. Entre reforma de estações e programas de capacitação de mão de obra, os planos incluem a criação de ações em nível nacional visando a atingir o universo de negócios que gravitam e apoiam as operações dos trens turísticos, composto, essencialmente, por micro e pequenas empresas.
Em todos os estados a ABOTTC busca uma forte articulação com prefeituras, secretarias de turismo e Sebraes locais para capacitar e integrar os pequenos e microempreendedores no projeto — que, segundo levantamento da entidade, podem chegar a pelo menos 700 pequenos e micronegócios.
Há ainda outro componente importante: em regiões turísticas afastadas, o trem turístico cultural pode servir de estímulo para a visitação de locais a que antes só era possível chegar de carro.
Fortalecendo a cadeia produtiva, a ABOTTC planeja formatar um produto mais qualificado e capacitado para oferecer a agências, operadoras e, claro, ao cliente final. Talvez o grande desafio do setor no momento seja efetivamente popularizar o produto e, principalmente, deixá-lo permanentemente nas prateleiras. A articulação que está sendo construída com o Sebrae e as três esferas governamentais, no entanto, vem sendo vital para o setor atingir esse objetivo.
(*) Sávio Luís Ferreira Neves Filho é presidente da Associação Brasileira das Operadoras de Trens Turísticos e Culturais (ABOTTC).
Enviado por Vítor José Ferreira, presidente do Movimento de Preservação Ferroviária (MPF)
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