O Governo do Estado do Rio de Janeiro executou recentemente obras de recuperação da RJ-116, no trecho entre Miracema e Flores. No entanto, durante essas intervenções, as bacias de retenção — estruturas fundamentais para conter o volume das águas pluviais e evitar enchentes no centro da cidade — foram seriamente danificadas, contrariando as recomendações técnicas e desconsiderando as proposições apresentadas em audiência pública.
As bacias de acumulação existentes são, hoje, a principal barreira de proteção contra eventos extremos de chuva, cuja intensidade e frequência só aumentam com as mudanças climáticas. Em vez de fortalecê-las, testemunhamos sua “destruição”. A limpeza pontual do Ribeirão, embora importante, é insuficiente frente ao desafio que se apresenta.
É importante lembrar que, no passado, houve tentativas de soluções estruturais, como o projeto do engenheiro Manuel Pacheco de Carvalho, que previa o alargamento do Ribeirão Santo Antônio e a ampliação das pontes. Contudo, o projeto foi considerado inviável por exigir a demolição de diversos imóveis urbanos. Diante disso, as bacias se tornaram a alternativa mais viável — e, até então, eficaz.
Enquanto cidades como São Paulo investem em inovação, como o piscinão do Pacaembu operado por IA, Rio de Janeiro com o reservatório na Praça da Bandeira, Niterói investirá no mesmo conceito no estádio Caio Martins, Miracema segue na contramão da evolução técnica. A ausência de planejamento urbano, somada à escassez de profissionais especializados na estrutura pública municipal, revela uma preocupante tendência à omissão. Infelizmente, muitos problemas são simplesmente arquivados, esperando que a próxima gestão enfrente o desafio.
É inadmissível que, diante de tantos alertas, a população aceitou as intervenções nos bueiros, que até então nos protegia. O que se vê é um cenário de improviso e desinformação, onde o risco iminente é tratado com descaso.
Esperamos que a tragédia não venha. Mas, se vier, não será culpa de São Pedro. Será o resultado direto da omissão, da falta de planejamento e da negligência das autoridades.
Texto: Engenheiro Lucas Alvim.
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Matéria sobre o Caio Martins.
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